Hoje, na minha sessão de terapia, a minha terapeuta, ao final do nosso encontro, me disse: Ná, na próxima iremos olhar para o luto do seu pai. Tá na hora.

Se fosse em outro momento no passado, eu riria e diria que já está tudo muito bem resolvido. Mas, chorei. Chorei e disse que ela tem razão. Tá na hora.

Desde que comecei a compartilhar os meus sentimentos com vocês aqui, eu tenho aprendido muitas coisas, especialmente a me dar ao direito de chorar. E chorar, gente… eu não sabia o poder por detrás do choro.

O choro tem aliviado a minha dor da perda do meu pai, da saudade que eu sinto dele, da falta que eu tenho dele quando eu busco um colo e não encontro… o dele.

Já faz 7 anos que ele faleceu. Apesar de eu já ter ressignificado muitas coisas, só agora estou me dando o direito de sentir verdadeiramente a saudade.

O luto é assim: um passo de cada vez.

Pode levar dias, semanas ou anos, o luto é uma ferida que nunca cicatriza. Na minha opinião, é ai que está o grande barato da vida:

Quantas coisas podemos aprender com a dor da perda? Quantas coisas podemos, inclusive, descobrir sobre nós mesmos durante esse processo?

Não estou romantizando a terminalidade. Mas, no meu caso, há 7 anos, embarquei numa jornada de autoconhecimento para lidar com a partida do meu pai, e a cada dia descubro coisas horríveis sobre mim, como o medo que eu tinha da rejeição e do abandono. Isso me tornava dependente emocionalmente das pessoas.

Mas, quando você se dispõe a encarar as suas sombras e entende que é preciso chamá-las para dançar a dança da vida com você, o seu olhar para a vida muda.

Hoje, eu começo mais um capítulo dessa caminhada “enlutada pelo câncer”. Mal posso esperar pelo que vai vir 🤪

Espero que isso te dê um pouquinho de força para que você continue, apesar da dor imensa da perda te paralisar. 💚

E para fechar: Uma vez, um primo que era muito próximo a mim me disse que eu não tinha aprendido nada com o meu pai. Por um instante, eu acreditei. Depois, percebi que quem não tinha aprendido nada era ele.