Como uma jornada exaustiva de trabalho pode aumentar o risco de câncer?

O meu pai era empreendedor e tinha lojas de produtos eletrônicos em diversas cidades na região da Grande SP. Eu sabia exatamente quando as coisas estavam indo bem ou mal, porquê quando iam “mal”, ele aliviava as suas angústias e frustrações na bebida e no cigarro.

Mesmo quando meus pais alcançaram um nível financeiro que permitiria ao meu pai parar de trabalhar, o estresse continuava presente e de forma constante: ele tinha oscilações de humor e aumentou o consumo do cigarro. Ele simplesmente não conseguia relaxar. Depois de 6 anos aposentado e morando no campo, o meu pai foi diagnosticado com um câncer em estágio avançado e agressivo. Oito meses depois, ele faleceu.

Essa história, infelizmente, é compartilhada por muitos brasileiros. Em jornadas longas, o estresse crônico aumenta, o sistema imunológico enfraquece e o corpo se torna mais vulnerável a doenças graves, como o câncer. O pior é quando a pessoa tenta aliviar as angústias com o uso bebida e cigarro excessiva e constantemente, como o meu pai…

O estresse eleva o cortisol, hormônio que suprime o sistema imunológico e afeta o metabolismo celular, comprometendo a capacidade do corpo de identificar células cancerígenas (National Cancer Institute). Além disso, estudos indicam que pessoas com jornadas acima de 50 horas semanais têm 30% mais chance de se tornarem obesas, um fator de risco relevante para o câncer, já que 7% a 8% dos casos de câncer estão ligados à obesidade (International Journal of Obesity, American Cancer Society).

Esses dados deixam claro que o impacto de uma rotina de trabalho exaustiva vai muito além do cansaço físico e mental. O estresse crônico, a obesidade e os hábitos prejudiciais que surgem para aliviar a pressão criam um terreno fértil para doenças graves, como o câncer. A experiência do meu pai e os números sobre a saúde mostram que precisamos reavaliar nossa relação com o trabalho. A busca pelo equilíbrio é essencial – cuidar do corpo e da mente não é só uma questão de qualidade de vida, mas também de proteção à saúde e de prevenção de doenças silenciosas que podem mudar drasticamente o futuro.